17.4.06

 

Caiaque oceânico

Olá amigos,

Na newsletter anterior, falamos um pouco sobre como evitar o frio na hora de dormir nas redes. Neste número, vou falar um pouco sobre caiaque oceânico.

Era o ano de 1997 quando um amigo me convidou pra fazer uma expedição em caiaque oceânico: dar a volta na Ilha Grande remando, 95km em 3 dias. Foi ai que começou a minha contaminação por essa atividade tão prazerosa.

Adorei o desempenho e autonomia do caiaque, a sensação de navegar sem ruído ou poluição e de chegar a locais remotos e escondidos sem deixar rastro algum. O caiaque permite navegar em pequenas profundidades possibilitando visualizar cenas da natureza impossíveis de serem vistas em outros tipos de embarcações, e o melhor, é a cara de surpresa do pessoal quando vê a gente chegar: “o que? Vocês vieram remando nisso aí?”

Incrível que apenas com aquela casquinha de fibra, se consegue ir tão longe, sem depender de ninguém... Depois da volta na Ilha Grande, fizemos várias outras: praia de Copacabana/Ilha Bela, Cananéia/Marujá , etc. Assim, fomos aperfeiçoando o modo de viajar em caiaque. Cada vez sobrava mais espaço no barco e passa-se melhor com menos apetrechos. Viajando no modo mais simples possível. Quando me lembro do volume de coisas que levamos naquela primeira viagem e nem chegamos a usar, caio na risada!

Apesar da sua autonomia, não se pode exagerar no volume que se leva no caiaque. Tudo tem que ter o seu lugar e deve-se reduzir ao máximo o volume e peso do que se carrega. Nessas horas a rede leva vantagem em relação à barraca. Geralmente nas praias brasileiras, o que não falta é árvore pra se armar uma rede.

A velocidade do caiaque é ideal para dar tempo de se absorver o ambiente à sua volta. Eu compararia até à bicicleta: a pé, muitas vezes fica devagar demais e de carro é rápido demais e não dá tempo de você absorver a paisagem que vai passando. Quanto mais simples a maneira de se viajar, maior simpatia e receptividade da população local você recebe.

Do mesmo modo que acampar de rede é tão simples para o brasileiro, que nem é considerado acampar.

Certa vez, em uma das viagens de caiaque, paramos para pernoitar em uma praia. Estávamos com as redes armadas, quando o caiçara que tomava conta do local, nos abordou em tom ríspido, alertando que era proibido acampar ali. Depois que ele notou as nossas redes, ele começou a coçar a cabeça, ficou meio sem jeito e olhando meio de lado pra nós, falou: “Na verdade, como vocês estão com rede, acho que até pode. Acampar é que não pode!” E passamos a noite papeando sobre o modo de vida naquele local tão remoto...

Christian Fuchs

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